1.7.03

Saudade, essa palavra nossa
Certamente a dimensão do que é a saudade é bem maior para quem fica. Quem vai se diverte, vê outras coisas, se distrai. Quem fica, fica com a lembrança. Só. É esquisito o que eu sinto. Não moro com a minha irmã, que daqui a poucas horas deve estar chegando em Madrid, há anos. Nos falamos muito pouco porque ela mora e estuda (Medicina, vale dizer) em Campinas...

Mas quando voltei hoje para casa e fui comer, depois de cozinhar, senti que gostaria que ela estivesse do outro lado da mesa, contando sobre as coisas que conta quando vem para Sampa e fica aqui. Na verdade não sei se é ela (ou ela) que eu gostaria de ver sentada ali. Eu não sei sobre quem estou escrevendo... Estou numa daquelas fases avestruz da vida: dá vontade de enfiar a cabeça no chão e ficar ali uns dias...

"Tenho duas mãos e o sentimento do mundo" (Drummond)

Revivo na minha mente os passos que dei em Jerusalém, por exemplo, e fico imaginando minha irmã por lá. Choro. Só consigo fazer isso. Não entendo meu sentimento. Não paro de chorar há três dias: chorei ontem em casa, com ela, chorei hoje de manhã, chorei no carro, chorei no aeroporto... Pareço o mesmo bebê chorão de quando embarquei em janeiro de volta ao Brasil, depois do sétimo mês em Israel...

Preciso mudar.

Somos quem podemos ser
Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção


E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração


A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez


Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter


Um dia me disseram
Quem eram os donos da situação
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem essa prisão


E tudo ficou tão claro
O que era raro ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum


A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez


Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter


Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem essa prisão


Quem ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem


Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter

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