31.1.03

Filosofia de sexta-feira (e mais um mês acabou...)
Um professor de filosofia parou na frente da classe e sem dizer uma palavra, pegou um vidro de maionese vazio e encheu-o com pedras de uns 2 cm de diâmetro. Então perguntou aos alunos se o vidro estava cheio. Eles concordaram que estava. Então o professor pegou uma caixa com pedregulhos bem pequenos e jogou dentro do vidro agitando-o levemente. Os pedregulhos rolaram para os espacos entre as pedras. Ele então perguntou novamente se o vidro estava cheio. Os alunos concordaram: agora sim, estava cheio. Aí o professor pegou uma caixa com areia e despejou-a dentro do vidro preenchendo o restante.

- Agora, disse o professor, - eu quero que vocês entendam que isso simboliza a sua vida: as pedras são as coisas importantes: sua familia, seus amigos, sua saúde, seus filhos, coisas que preenchem a sua vida. Os pedregulhos são as outras coisas que importam, como o seu emprego, sua casa, seu carro. A areia representa o resto. As coisas pequenas. Se vocês colocarem a areia primeiro no vidro, não haverá mais espaço para os pedregulhos e as pedras O mesmo vale para a sua vida. Cuidem das pedras primeiro. Das coisas que realmente importam. Estabeleçam suas prioridades. O resto é só areia!

Mas então, um aluno pegou o vidro que todos concordaram que estava cheio, e derramou um copo de cerveja dentro. Claro, a areia ficou ensopada com a cerveja preenchendo todos os espaços restantes do vidro, fazendo com que ele desta vez ficasse realmente cheio.

MORAL DA HISTÓRIA:
Não importa o quanto sua vida esteja cheia: sempre sobra espaço pra uma cervejinha!

30.1.03

Algumas coisas...
Talvez eu faça capoeira. Ou flauta transversal. É que eu me matriculei nas minhas eletivas às cegas... Não tive escolha./ Amo Adriana Calcanhotto. As músicas dela me falam tão ao coração.../ Acho que estou empolgado com o semestre doido que vou ter: doze matérias nos horários mais loucos do mundo./ Mas não vou poder trabalhar fixo, definitivamente. A menos que meu chefe tope que eu chegue um dia às 10 e outro também. Só que 10 da noite.../ Pelo menos vou poder fazer uns cursos que tenho adiado: hebraico, pra não perder, academia, pra ganhar.../ Preciso me apaixonar. Perdidamente. E "pra ontem"!/ Adoro iogurte com mel misturado com Honey Nuto's da Kellog's. Descobri hoje! Já provou?/ Eu não gosto de bom gosto. Não gosto de bom senso. Não gosto de bons modos. (Senhas)/ Não tem nada melhor que passear na chuva com o carro e ficar pensando na vida. (Tem, mas não vem ao caso)/ Odeio dor-de-cabeça e outras desculpas esfarrapadas fora de hora/ Vou dormir.
E da VIP do mês que vem...
"Viva todos os dias como se fosse o último. Um dia você acerta".
(Luis Fernando Verissimo)

E eu vou me mandar pra faculdade, me matricular pras aulas que começam logo mais, dia 10... Vai começar a vida séria!
Recado
(E esse não é o nome da música!)

Você diz que eu te assusto,
Você diz que eu te desvio,
Também diz que eu sou um bruto,
E me chama de vadio.

Você diz que eu te desprezo,
Que eu me comporto muito mal,
Também diz que eu nunca rezo,
Ainda me chama de animal

Você não tem medo de mim.
Você não tem medo de mim.
Você tem medo, é do amor
Que você guarda para mim.
Você não tem medo de mim.
Você não tem medo de mim.
Você tem medo, é de você.
Você tem medo, é de querer.

Você diz que eu sou demente,
Que eu não tenho salvação.
Você diz que eu, simplesmente,
Sou carente de razão.

Você diz que eu te envergonho,
Também diz que eu sou cruel.
Que no teatro do teu sonho
Para mim não tem papel.

Você não tem medo de mim.
Você não tem medo de mim.
Você tem medo, é do amor
Que você guarda para mim.
Você não tem medo de mim.
Você não tem medo de mim.
Você tem medo, é de você.
Você tem medo, é de querer...
Me amar.
E o Rio de Janeiro continua lindo

Enviado pelo Edu Joelson, que mora lá, orgulhoso!

29.1.03

Bem mais que o tempo que nós perdemos
ficou pra trás também o que nos juntou
. (Resposta)
Vai encarar?
Quero saber: você realmente me conhece? Entra aqui e faz o teste!
Nem gênio pra entender...
Tinha uma história dessas de gênio que contava que o cara que encontra a lâmpada mágica teve direito a apenas um pedido, talvez porque o gênio era gênia e estava na TPM. "Tá bom", disse ele. "Então quero uma ponte que ligue São Paulo a Nova York, minha casa ao meu trabalho, para que eu possa viajar sem pegar avião, porque tenho medo". O (ou a) gênio disse que isso ia sair muito caro, que ia exigir cálculos sofisticados, contratação de diversos operários e pagamento de muitos impostos, e resolveu que não aceitaria o pedido. "Então eu quero outra coisa: entender as mulheres", disse o "amo". O gênio pensou e logo disse: "com quantas pistas você vai querer a ponte?".

De resto?
De resto, um filme japonês que de bom mesmo só tem a fotografia, Água quente sob uma ponte vermelha, e as mãos pretas de graxa por trocar um pneu no meio da Frei Caneca. Coisas que acontecem, é claro. Mas que podiam escolher a hora certa pra acontecer!

28.1.03

Deu Sharon...
Pelo menos em Israel ganhou o meu candidato...

Agora lá vou eu me desconectar da vida um pouco!
Eu mereço!

27.1.03

Amanhã, eleições
Em Israel, é claro. E a Aleinu vai acompanhar, com ajuda de correspondentes e da tradutora Betina Biber, direto de Tel Aviv. Confere lá!
Estou com Israel e não abro
A partir de agora o Blog do Gabo embarca na campanha do Friends of Israel e declara que é um amigo orgulhoso do Estado judeu. E intima a todos que pensam da mesma forma a entrar no site e fazer a sua parte. Algo deve ser feito para que o terrorismo palestino seja brecado. O Blog do Gabo é um amigo orgulhoso do Estado de Israel. E você?
(Con)fuso horário
Capotei ontem à noite, depois de mais de trinta e cinco horas acordado. Não estava produzindo nada, como devia! E hoje, às cinco da manhã, não conseguia mais dormir! Ai, esse (con)fuso... E descobri que a insustentável leveza do ser ficou na Cisjordânia...

26.1.03

Qualquer semelhança com o Carnaval (argh!) é pura coincidência!
EXPLODE, CORAÇÃO, NA MAIOR FELICIDADE...
Cheguei
Estou em casa, no meu computador, no meu quarto, com o meu celular, vim do aeroporto com o meu carro... Enfim, de volta à vida normal... Mas meu coração ficou em Israel... Foi foda! Caí em prantos como um bebê chorão dentro do avião, no trecho entre Tel Aviv e Zurique, a ponto de até a aeromoça vir me perguntar se estava tudo bem...! Não estava, mas eu me conformei! É bom, também, chegar em casa, rever as pessoas e entrar nos trilhos. Esse ano vai ser o ano! E agora vou cuidar da vida...

25.1.03

Despedida
Um café-da-manhã no Yotvata, caminhada pela Tayelet e últimas e atentas olhadas para o cartão-postal de Tel Aviv, sua costa. E aí vou eu, em quatro minutos, para o aeroporto... O táxi já está buzinando lá embaixo!

24.1.03

Mudando de nome
O blog deixa de se chamar 23ª idade... em Eretz! e passa a ser apenas 23ª idade, de novo. Fiquei mais velho, mas... who cares?!
O último rolê
Acabei de voltar de um passeio por Tel Aviv. O derradeiro, aquele em que se tenta reparar em cada detalhe para não esquecer deles, provar da comida como se fosse a última vez a poder sentir seu gosto, ler os anúncios, as placas de rua, as pichações e os jornais como se eles fossem desaparecer no dia seguinte...

O aperto no coração é enorme. Como eu já senti isso há mais ou menos três meses, quando daqui partia depois de meio ano, sei do que se trata. Sei que eu vou sentir falta de ler tudo em hebraico, de comer shwarma ou falafel em qualquer esquina, de poder ir ao Kotel a qualquer momento, de estar onde a história do povo judeu aconteceu, onde o Estado de Israel foi fundado, e começou a crescer etc etc etc. Um pouco disso tudo tem aqui (para assistir ao vídeo, baixe este plug-in).

No caminho de volta pra casa, nos sentamos em um banco no meio da Ibn Gvirol (uma avenida principal daqui), e enquanto eu conversava com o Marcus, trocava mensagens de SMS pelo celular com uma amiga israelense, ouvia o idioma da Bíblia na boca de bebês e via o vai-e-vém tranqüilo que só um Shabat aqui pode proporcionar, pensava nessas coisas... E a saudade de tudo isso e de muito mais que eu vivi nos 208 dias que eu já passei em Israel começou a bater... Enfim, amanhã eu embarco, domingo eu chego...
Tá chegando a hora...!
Provavelmente este vai ser um dos últimos posts com essa bandeirinha pelos próximos meses... Estou com aquele aperto no coração por partir, por deixar as pessoas que eu conheci no curso e por ter que ir pra longe de Israel. Como eu já disse, por mim seria fantástico poder continuar alguns dias, cobrir as eleições in loco, talvez até mesmo a guerra (que, já se está dizendo, pode não acontecer!)... Mas tenho que voltar.

Deixando de lado o sentimentalismo, quero contar que o curso, enfim, terminou, ontem. Foram onze dias de palestras, vivências, cartões de visita de todo lado, troca de experiências... Agora quero chegar no Brasil e colocar em prática tudo que aprendi... Já tenho algumas idéias! E também preciso começar a cuidar de faculdade, trabalho etc etc etc... Pareço contraditório? A vida é assim! Vivemos lutando entre o dilema de deixar pessoas e de rever pessoas, ou o de partir e chegar...

A surpresa...
Quarta-feira ganhei o presente que todo aniversariante sempre quer, embora não goste de assumir: uma festa-surpresa. A minha não foi lá tão surpresa, como eu já contei. Eu tinha ido até a estação central de ônibus de Jerusalém buscar uma amiga e quando voltei para o restaurante onde rolava a despedida da galera, entrei ao som de "parabéns a você" em português, espanhol (com sotaques diversos!) e hebraico! Amei!

Depois fizemos uma vaquinha (arrecadamos uns R$ 280!), passamos no super e fizemos uma festa no hotel! A surpresa mesmo ficou por conta de um telefonema que eu recebi direto de... Curitiba!!! Fran, você não tem idéia de como fiquei contente com sua ligação! Valeu!! E um israelense, que ficou amigo nosso depois de fazer a segurança do grupo, me deu um livro lindo de fotos daqui! Claro que só o fato de passar o aniversário em Jerusalém já seria suficiente!!! Mas ganhei esses "algo a mais"!!

21.1.03

Vinte-e-três-bê
Aqui em Israel já passou da meia-noite, o que significa que já tenho vinte-e-três-bê anos!! E já ganhei meus primeiros "parabéns" e presentes! O pessoal todo está organizando uma festa surpresa de mentirinha (a surpresa, não a festa!). Eu sei que vai ter, mas não sei como vai ser!!!

Hoje passeamos pelo norte de Israel, num frio de rachar. Fomos para os altos do Golan e visitamos um bunker que, em caso de guerra, será provavelmente utilizado por soldados, como nos disseram. Estávamos bem próximos da fronteira com o Líbano, que lançou mísseis contra Israel... Na volta a Jerusalém, entrevistamos em conjunto um palestino. Foi bem interessante.

Vou ficando por aqui porque cada minuto desta Internet custa quase um real! É um absurdo mesmo para os preços daqui!!

Comunicado
Queria dizer algumas palavras aos meus leitores assíduos ou de ocasião: esse blog é meu, o que significa que eu escrevo nele o que me der na telha. Assim, se alguém não gostar ou se sentir atingido ou ofendido pelo que eu escrevo, ou se a carapuça servir, como tem acontecido, basta não voltar aqui. Eu não ganho nada por visitas e agradeço por não ter pessoas inconvenientes passando por aqui. E tem mais: agradeça que eu só faço comentários sem, na maioria das vezes, citar nomes, coisa que eu bem poderia fazer, afinal, o blog é meu, todinho meu, e estamos assegurados pela liberdade de expressão!

19.1.03

Hecho mierda
A expressão eu roubei dos argentinos. Estou feito merda! E estou mesmo! Embora o curso esteja sendo super produtivo e maravilhoso, estamos tendo tantas e tantas palestras, experiências e vivências, que não sobra tempo pra nada. Hoje mesmo acordamos cedinho e fomos pra Jerusalém, para conhecer o novo edifício do Ministério de Relações Exteriores e para duas "charlas", uma delas com um brasileiro.

São quase 4 da manhã agora aqui e estou literalmente pescando diante do micro no cyber pertinho do hotel!! Antes, tínhamos saído em turma (mexicanos, salvadorenho, argentinos, uruguaios, brasileiros etc etc etc) para fumar narguila e comer pizza! É incrível como nesses momentos as "parcerias", as idéias, as verdadeiras trocas acontecem! Já combinei de comecar a escrever para uma revista na Argentina, um boletim no México e de outras pessoas colaborarem na Aleinu!

Amanhã partimos cedinho para o norte do país, vamos conhecer o Givat Haviva (leia aqui matéria na Aleinu sobre o assunto!), ter mais algumas palestras e dormir em um kibutz no Golan. Depois de amanhã vamos de novo para Jerusalém onde, no dia 24, o curso acaba. E dia 26 estarei se D-s quiser de volta ao Brasil, pra colocar em prática as mil idéias que estou tendo!

Guerra?
Fala-se muito aqui em guerra. Iraque, EUA, bombas nucleares, retaliações, mísseis, Golfo, 1991, Saddam... Essas palavras são recorrentes no noticiário internacional e local e nas rodas de conversa por aqui. Outro dia conversando com a portuguesa que é uma piada, ela me contava de quando esteve aqui há doze anos. Disse como era o clima no país quando as sirenes começavam a tocar alertando as pessoas a voltar pra casa e se protegerem. "Ficava tudo deserto. Só ouvíamos as crianças chorando, e a sirene, até que o perigo terminasse". Eu gostaria, como jornalista, de cobrir uma guerra. Como judeu, gostaria de cobrir ESSA guerra...

17.1.03

Frase do dia
"E há doze anos começou a primeira guerra do Golfo...". É... Lá vem a segunda...! Shabat Shalom.
Uma imagem fala mais que mil palavras
Criança palestina brinca
com soldado israelense
em ponto de verificação de
Hebron, na Cisjordânia


Hoje demos uma volta pelo centro de Tel Aviv, fomos nas Azrieli Towers, as mais altas torres de Israel (subi com o Marcus no heliponto de uma das torres, a 49 andares de altura!) , e vimos a loucura da campanha política para as eleições, na rua. Nos principais cruzamentos da cidade os cabos eleitorais dos partidos que estão na frente nas pesquisas se acotovelavam distribuindo adesivos, camisetas e outras coisinhas para os passantes. O engraçado: a ministra da Educação (estou sem o nome dela agora) apareceu la, no meio do balagan (confusão), e nos deu entrevista. Se fosse no Brasil, a ministra ia virar história! E agora eu vou jantar... Depois conto mais das minhas aventuras!
Porque somos todos uns trouxas...
Caiu! Agora, por decisão daquela juíza infeliz, o diploma de jornalismo já pode ser usado como papel higiênico ou de parede (mas, neste caso, apenas para decorar, já que não vale nada mais). Eu quero, ao voltar pro Brasil, conversar com essa mulher e entender as razões que a levaram a isso...

Será que ela não entende que o jornalista não é apenas um "passador de palavras para o papel", mas um profissional que tem, entre outras coisas, a capacidade (adquirida do aprendizado na faculdade e na prática, claro) da entrevista, da pesquisa, da pauta etc etc?

Acho ótimo que economistas, professores de português e juristas possam colaborar em jornais, mas eles não sabem, se não cursam jornalismo, o que é "fazer jornal". Eu mesmo tenho, na redação da Aleinu, advogados, biólogos, rabinos e ativistas, mas eles "apenas" escrevem, não participam do processo EDITORIAL E JORNALÍSTICO.

Mesmo assim, minha decisão de retomar a faculdade, a partir de fevereiro, permanece inalterada. Preciso terminar isso para seguir meus planos de fazer pós-graduação. Aliás, é bom que ninguém se esqueça que, pelo menos para poder fazer uma pós (coisa que hoje já passou a fazer parte da lista de requisitos que um bom profissional deve ter), e necessário cursar uma graduação... Ou será que a juíza Rister vai mudar isso também?! Ia ser uma mão na roda...

JF sentencia ação civil pública dispensando diploma para exercício da profissão de jornalista

A juíza federal Carla Abrantkoski Rister, da 16.ª Vara Cível de São Paulo, suspendeu, em todo o país, a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para a obtenção do registro profissional no Ministério do Trabalho.

A sentença publicada no dia 10 de janeiro no D.O.E. (Caderno I, parte II, pág. 117) foi proferida em ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal e Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo.

Em sua decisão, Carla Rister afirma que o Decreto-Lei n.º 972/69 não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, no que tange à exigência do diploma de curso superior de jornalismo para o registro do profissional perante o Ministério do Trabalho. Segundo a juíza, a regulamentação trazida pelo Decreto-Lei não atende aos requisitos necessários para perpetrar restrição legítima ao exercício da profissão.

Para Carla Rister, a profissão de jornalista não pode ser regulamentada sob o aspecto da capacidade técnica, eis que não pressupõe a existência de qualificação profissional específica, indispensável à proteção da coletividade. "O jornalista deve possuir formação cultural sólida e diversificada, o que não se adquire apenas com a freqüência a uma faculdade (muito embora seja forçoso reconhecer que aquele que o faz poderá vir a enriquecer tal formação cultural), mas sim pelo hábito da leitura e pelo próprio exercício da prática profissional", afirma.

Segundo a juíza, a regulamentação trazida pelo Decreto-Lei 972/69 não visa ao interesse público, que consiste na garantia do direito à informação, a ser exercido sem qualquer restrição, através da livre manifestação do pensamento, da criação, da expressão e da informação, conforme previsto no inciso IX do art. 5.º e caput do art. 220 da Constituição Federal.

"O argumento de que haveria requisitos de ordem ética ou moral como condições de capacidade que justificariam a regulamentação da profissão não se sustentam, eis que a comum honestidade não é requisito profissional específico para o exercício da profissão de jornalista, mas sim um pressuposto para o exercício de qualquer profissão, pelo que não pode ser considerado como legitimador da exigência do diploma para o caso em tela, até mesmo porque honestidade e ética não são atributos que se adquirem somente durante um curso universitário de quatro ou cinco anos, mas sim compõem o núcleo de personalidade e de caráter do indivíduo, formado durante toda a sua vida, seja pelo exercício de atividade acadêmica (cuja utilidade e benefício ao indivíduo são mais do que reconhecidos pelo presente juízo), seja pelo exercício profissional propriamente dito, seja pela convivência familiar e até mesmo pelas demais formas de convivência em sociedade", diz a juíza.

Para Carla Rister, o aludido diploma legal de jornalista, a par do fato de ter sido editado sob a forma de Decreto-Lei e não de Lei em sentido formal, elaborado em época eminentemente diversa, em que inexistia liberdade de expressão, inclusive nos meios de comunicação, colide materialmente com o princípios consagrados pela Constituição de 1988, das liberdades públicas, donde se insere a liberdade de manifestação do pensamento, a liberdade de expressão intelectual, artística e científica.

"Tenho ainda que a estipulação do requisito de exigência de diploma, de cunho elitista, considerada a realidade social do país, vem perpetrar ofensa aos princípios constitucionais, na medida em que impõe obstáculos ao acesso de profissionais talentosos à profissão, mas que, por um revés da vida, que todos nós bem conhecemos, não pôde ter acesso a um curso de nível superior, pelo que estaria restringida à liberdade de manifestação do pensamento e da expressão intelectual", diz.

Carla Rister afirma ainda que, caso a exigência do diploma prevalecesse, "o economista não poderia ser o responsável pelo editorial da área econômica, o professor de português não poderia ser o revisor ortográfico, o jurista não poderia ser o responsável pela coluna jurídica e, assim por diante, gerando distorções em prejuízo do público, que tem o direito de ser informado pelos melhores especialistas da matéria em questão".

Para a juíza, a atual regulamentação da matéria revela-se falha, na medida em que condiciona o exercício da profissão tão-somente com base na exigência do diploma de jornalista, sem prever qualquer outra exigência que aferisse o mérito ou a posse dos atributos de qualificação profissional.

16.1.03

De volta a cidade grande
Minhas férias acabaram! Aquela coisa de Internet grátis todos os dias, tempo livre de sobra e ficar sem nada pra fazer já era! O seminário comecou, e a todo vapor. Nem consigo me lembrar de todos os temas dos quais já tratamos nas consecutivas e muitíssimo interessantes palestras... Desde a noite da segunda-feira já falamos de política israelense, água, imprensa internacional, já estivemos com representantes dos principais partidos que concorrem às próximas eleições, com beduínos, com jornalistas israelenses etc etc etc...

Hoje mesmo saímos cedinho de Jerusalém rumo ao sul. Visitamos uma base da força aérea israelense, vimos gigantes helicópteros, conversamos com pessoas (a maioria delas mais jovem que eu) que os pilotam etc etc etc... Também fomos até Beer Sheva, pra uma palestra que serviu pra dar um respiro... O pessoal esté muito cansado, tem sido realmente estafante, embora, na minha opinião, super produtivo. Não vejo a hora de voltar pro Brasil e aplicar tudo que estou ouvindo...

Fora isso, estamos com gente -jornalistas, na maioria, mas todos profissionais de esclarecimento, como eu- da Argentina, Uruguai, El Salvador, Chile, Portugal (a portuguesa é uma piada, sem trocadilhos maldosos!), México, Venezuela, Colômbia e Brasil. Devo estar esquecendo de alguém, mas me perdôo por isso!!! A troca de experiências está sendo sensacional.

Kotel à meia-noite
Outro dia, a segunda noite que passamos no hotel em Jerusalém, fui com um pessoal passear na cidade velha. Já passava da meia-noite quando eu cheguei ao Kotel, vazio e debaixo de chuva! Não tenho palavras pra descrever o que é ter o muro só pra você, pra rezar, refletir com calma... Maravilhoso.

Bom, vou correndo pro hotel pra não perder o jantar. Descobrimos um cyber 24 horas na esquina de onde estamos hospedados e eu vou viver aqui!!! Fico na cidade grande até o dia 19, acho...

13.1.03

Prometi, mas não cumpri
Ontem, por motivos que prefiro não trazer ao blog, acabei não conseguindo ir ao Kotel. Mas vou hoje, e vou daqui a pouco. Então, aquele link continua válido. E aí vou eu...

11.1.03

Kibutz, assentamento, religiosos e brasileiros vazios
Eize sof ha shavua!! Que fim-de-semana! Percorremos, em poucos dias, um kibutz, um assentamento religioso e uma festinha entre brasileiros que estão por aqui em Israel. O kibutz: En Dor, onde passei cinco meses em 2002. O assentamento: Beitar Illit, onde vive a família do Nahum, que já virou saba sheli (meu avô!). A festinha: um mini e bem modesto encontro entre alguns poucos brazucas que vivem ou estão de passagem pela Terrinha.

Começo do fim, para contar o que ainda ferve no meu sangue. Fomos a Pizgat Ze'ev, um bairro de Jerusalém que fica no meio do nada, encontrar um monte de gente que eu já tinha visto cá ou lá. Se esse encontro (que cada um deu o nome que lhe conveio) valeu alguma coisa, foi ter visto a Catia e o Dudu, dois amigos meus do Rio que fizeram aliah e chegaram na quinta-feira. Bem-vindos!!! De resto, só o sangue fervendo... E mais nada. Tenho uma foto, mas a câmera ficou lá, de refém, com toda a minha bagagem e a do Marcus... Então colo aqui a do Gustavo.

Antes, estávamos -Nahum, Marcus e eu-, em Beitar Illit. Foi a minha sétima visita ao assentamento, no meio da Cisjordânia, onde mora a família mais receptiva e carinhosa de Israel (dá de mil a zero em "alguns" brasileiros...). Dormimos lá, passamos o Shabat, aprendemos muito e no final teve até um show de dança israeli feito pelo Marcus, que pôs todo mundo a bailar!! Até a mãe religiosa arriscou voltar à juventude a rabiscar alguns passos! E nem precisa dizer que as crianças foram uma graça, como sempre. Em poucas palavras, "o" Shabat.

A noite anterior passamos perto de Afula, em En Dor, onde eu pude, por um lado, alegrar-me por rever o pessoal de lá (quem não debandou), por visitar a minha família adotiva e por mostrar onde foi a minha casa por cinco meses ao Marcus, que veio comigo. E, por outro, me choquei ao ver a falência do socialismo retratada por prateleiras vazias no supermercado, uma visível depressão nas pessoas e a comida paga no refeitório comunitário... Isso fica pra outro relato. O que me chateou mesmo é constatar que aquela música que o Lulu Santos canta é verdadeira: nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia.

Em resumo: neste fim-de-semana estive com pessoas que prometem mais do que querem cumprir, revi amigos de quem muito gosto, ouvi asneiras preconceituosas de uma gaúcha de mente limitada, visitei religiosos que me receberam de braços abertos, vi um kibutz que já não é o mesmo e me entristeci com algumas atitudes. Não foram, de fato, os melhores dias da minha vida... Amanhã a vida continua e eu vou fazer o que mais preciso: voltar ao Kotel. Se alguém quiser me ver pela Internet, pode tentar, lá pelas dez, onze da manhã no Brasil, me ver no muro... É só entrar aqui e torcer pra me ver!

9.1.03

Uma volta pela esquerda
Quase cinco da manhã em Israel. Nem devia estar acordado! Amanhã vai ser o dia em que eu vou acordar mais cedo desde que cheguei, para sair logo pro kibutz e chegar lá a tempo de pegar o café da manhã, que é uma delícia! O Marcus, que a partir de amanhã reassume a Morashá, vem comigo. Já estamos de malas feitas, para poder sair rapidinho!

Escrevo tarde porque voltamos há pouco do Coffee To Go, barzinho descolado (e caro!) que fica na porta da Universidade de Tel Aviv. Gus, Marcus e eu encontramos a Andrea, que eu não via desde abril, quando a conheci pessoalmente!! Ela escreve (ou escrevia, quando o Meretz não lhe sugava todo o tempo!) para a Aleinu. Tivemos um papo super legal sobre política israelense (ela é de esquerda, até a alma!), sobre a aliah dela (está desde 1988 aqui!), o serviço militar etc etc etc...

O papo seguiu pelas ruas de Ramat Aviv, o bairro onde estamos, no norte da cidade (é também onde fica a universidade). Aliás, vale dizer que essa caminhada foi tranqüila! Saímos do bar, fomos andando pelo bairro, já deserto pela hora avançada e sem medo de assalto, de qualquer problema! Coisa de sonho no Brasil! E o frio, pra melhorar, nem estava tão forte... Essas e outras me dão um aperto por ter que ir embora...! Enfim, vou deitar (o Marcus já está roncando aqui no chão!) pra acordar em duas horas e me mandar pra En Dor, o kibutz!!!

Notícia triste...
Os corpos de todos os vinte e tantos mortos no domingo aqui em Tel Aviv foram identificados, enfim. Entre eles, alguns imigrantes ilegais e muitos israelenses. Mas um caso em especial me deixa muito triste: uma garota de 20 anos, que era sargento do Exército e estava voltando pra casa... Revoltante, no mínimo... Clique aqui se tiver estômago...

8.1.03

O Marcus, enfim!
Depois de longo e tenebroso Maof (hehe) o Marcus chegou a Tel Aviv e agora é um homem livre! Hoje fomos até a Universidade Bar Ilan, na Grande Tel Aviv, e para o shopping de Ramat Aviv, comer... Amanhã rumamos ao norte, vamos ao kibutz, na sexta vamos para Jerusalém passar o Shabat, sábado à noite tem um encontro de brasileiros na capital israelense, e domingo vamos fazer turismo por lá! Na segunda, enfim, começa o nosso curso... Escrevo depois...

7.1.03

Campanha eleitoral é tudo igual, só muda o idioma...!
Começou hoje aqui em Israel a campanha eleitoral para as eleições de 28 de janeiro, para primeiro-ministro e deputados. É tudo igual! Acusações (o Likud, do premiê Ariel Sharon, está envolvido em um escândalo de corrupção), candidato lendo o texto da fala (e provavelmente pensando que só ele sabe que está lendo!), comícios, discursos sonorizados por aplausos e a coisa toda. Só muda o fato de que tudo é em hebraico!!

E as eleições israelenses são algo confuso. O sistema é o "parlamentarismo judaico", como bem definiu o Nahum: é mais próximo do sistema da Inglaterra do que do Brasil, mas com um quê judaico...! Os eleitores, se votam (é, aqui o voto não é obrigatório, como em alguns paisinhos governados por presidentes de araque...), elegem o primeiro-ministro diretamente e a legenda que mais lhes agradam. A briga rola dentro dos partidos, pela conquista dos melhores "lugares" na relação de candidatos à Knesset, o Parlamento.

É a 16ª eleição para escolher os chavrei-Knesset (deputados) que vão compor o Parlamento israelense nos quatro anos seguintes, se tudo correr bem (não houver impedimentos, renúncias, eleições antecipadas etc)! Vinte e sete partidos concorrem com seus candidatos, que vão de árabes a judeus ortodoxos, passando por seculares de esquerda e direita.

Os principais nomes para chefe de governo são o Sharon, atual premiê, pelo Likud (centro-direita), e o Amram Mitzna, prefeito de Haifa, pelo Avodá (esquerda). Um deles vai seguir a linha dos onze ex-premiês do Estado de Israel. Aliás, curiosidade: não parece haver uma lógica nos anos de governo: Ben Gurion começou com seis anos no cargo, depois teve um mandato de oito. E houve premiês com um ano no poder...

Em resumo é isso, mas tem muito mais, como é de se esperar! Eu vou acompanhar e contar pra vocês como vai se desenrolando o assunto! No dia das eleições não estarei mais aqui, o que é uma pena. Mas até lá, vou contando! Uma coisa legal é a campanha que já vem sendo feita nas ruas. O Sharon adesivou ônibus e espalhou cartazes nas paradas com o slogan "O povo quer Sharon" (até fizeram uma brincadeira com a foto da Sharon Stone!). O Mitzna está mais modesto e colocou menos pôsteres e em alguns pontos apenas. Vai perder, mas não por isso. Em momentos de guerra, como a que se vive em Israel, o eleitorado fica com a direita, tradicionalmente. E, especialmente no Estado judeu, tradição é tradição!

6.1.03

"Ele sentiu então um amor inexplicável por aquela moça que para ele era quase uma desconhecida."(MK)
Eu à South Park
Me desenhei à South Park. Não tenho muito pra fazer enfurnado em casa com essa gripe! Hoje gastei NIS 87 (uns R$ 65) com remédios... Até que estão funcionando!

E descobri uma boa: gemada com açúcar é bom pra garganta!!! Funcionou, pasmem!!! Só a tosse que não está indo embora...

Enfim... Vou dar uma dormida, já são quase onze da noite!!! Não é à toa que desenhei meus olhos assim!!! Laila tov (boa noite)!!
Umas palavras sobre mídia
O atentado já foi e, infelizmente, virou notícia velha. É como jornal, que no dia seguinte só serve para cachorro fazer cocô em cima... Mas eu tenho acompanhado, ainda que sem entender o hebraico 100%, a cobertura da mídia israelense e da internacional sobre o conflito. Enquanto os canais de TV de Israel mostravam, ontem, as cenas do atentado em Tel Aviv, a BBC, de Londres, dava espaço para um editor árabe falar durante cinco minutos justificando os ataques...

Um site faz um trabalho muito interessante nesse sentido, e eu conheci ontem a pessoa que está por trás dele. É o Prensa Veraz, espanhol para "imprensa honesta", que faz uma leitura crítica da maioria dos grandes veículos de fala hispânica, questionando cada desinformação publicada. É um dos filhos do Honest Reporting, mesma coisa em inglês. Isso se chama hasbará, hebraico para 'esclarecimento'.

O trabalho de hasbará não é fácil. Estou de volta ao Oriente Médio por isso: vou participar de um congresso sobre o assunto, promovido pelo Ministério de Relações Exteriores daqui. Mas Israel às vezes se esquece de fazer sua parte... Hoje estive em uma coletiva com o ministro de Relações Exteriores, Bibi Netanyahu... E ele nem teve o cuidado de, entre jornalistas de todo o mundo, responder em inglês para os israelenses. Essa e outras cagadas, que o Nahum, com o jeitão dele, não deixou barato! É uma escola esse gaúcho!

Enfim, hoje não fiz muito mais que isso. Saí de casa para a coletiva a voltei. Aqui, escrevi para a Morashá e para a Aleinu, só...

Em tempo: essa foto aí no alto conta bem a história da manipulação das notícias pela mídia... Foi publicada pelo The New York Times com a legenda "Um policial israelense e um palestino no Monte do Templo". Pode até ser, né? Mas não é! O policial sim é israelense. O garoto, ferido, é um judeu norte-americano que foi espancado por palestinos... Mas isso também já é notícia velha... Aconteceu no comecinho da Intifada, lá pelos idos de 2000. Pena que nada mudou de lá pra cá...
Vídeo
Clique aqui. Porque uma imagem vale mais que mil palavras... E os mortos já são vinte e quatro. Identificaram quinze deles, a maioria (11) israelenses. Os esforços continuam. E o filho da puta (não tem como não dizer) do Arafat deu essa entrevista à Folha... Ele diz que a Intifada vai continuar...

5.1.03

E já são VINTE E TRÊS
E a notícia, confirmada: a maioria das vítimas era israelense.
Estou atualizando a matéria pra Aleinu.
Mensagem
Do premiê de Israel, hoje:
"Nós precisamos de vocês aqui em Israel agora mais que nunca"
Ariel Sharon, ao grupo do Birthright que ele recebeu em Jerusalém,
antes da reunião do Gabinete de Segurança para tratar da resposta
ao atentado em Tel Aviv.
VINTE E DOIS
E 100 "semi-mortos" (feridos)...
Mais telefones importantes.
VINTE E UM
Sem mais comentários...
VINTE MORTOS
Não podia dar outro título a este post, depois da morte de vinte pessoas inocentes, a maioria delas, ironicamente, nem israelenses. Dois homens-bomba se explodiram na tachaná mercazit (estação central) antiga, onde uma amiga minha, recém-entrada na Tzavá (Forças de Defesa de Israel), estava trabalhando... Ela está bem, graças a D-s. Mas, muita gente não. E não são só os vinte mortos e todos os parentes deles, mas pelo menos noventa semi-mortos, sete deles em condições graves, que provavelmente aumentarão as estatísticas de fatalities... E ainda essa: como são ilegais, muitos estão se escondendo com medo de serem deportados. Mas o governo já garantiu imunidade a eles.

Enfim, essa história toda começou quando eu estava no Opera Towers, um prédio que faz parte do cartão postal de Tel Aviv. Estava esperando uma ligação de uma pessoa que encontraria para uma reunião quando ouvi na mesa ao lado as palavras "pigua" (atentado) e "tachaná mercazit". E aí, comecei a ritual de todo israelense depois de um atentado: primeiro ligar para confirmar, em português, a notícia. Depois, telefonar para 1) todos os meus conhecidos que moram aqui para saber se eles estavam bem e 2) os meus parentes que estão no Brasil preocupados comigo.

Chegou a pessoa da minha reunião e o ritual continuou. Israelense (ela fez aliah da Argentina há um ano e meio), dona de um telefone celular que tocava a cada cinco minutos em busca de uma notícia positiva: "At besseder?" ("você está bem?"), "Eifo at?" ("onde você está?")... E a vida continua... Sentamos em um café, ao lado da janela. Estávamos relativamente perto de onde ocorreu o ataque. E víamos ambulâncias passando, ouvíamos sirenes... As rádios começaram a tocar temas leves... Os celulares também não pararam.

Enfim, começou a semana em Israel... E estamos de volta à rotina de atentados. Que seja um caso isolado e que as previsões e "informações privilegiadas" de alguns especialistas não se confirmem. Eu estou protegido. Mas há gente, como os pobres imigrantes que morreram hoje, que não estão... Fico por aqui, triste, "pra baixo", e tentado reunir algum otimismo. The show must go on, já dizia um aí... E a vida, idem.

Números de emergência:
(para chamar a partir de Israel)
Hospital Ichilov, Tel Aviv: 12 55 133
Ministério de Absorção de Imigrantes: 03-97 33 333
Hotline para quem não fala hebraico: 12 555 081010
Hotline para trabalhadores estrangeiros: 03-687 9727
Hotline da prefeitura de Tel Aviv: 12 55 036 666

4.1.03

Se...
Quatro e pouco da manhã do sábado. Deve ter virado meia-noite no Brasil. E eu estou acordado. Ouvia as histórias do Nahum, histórias de outro tempo. Histórias, que, eu insisto, ele devia escrever, contar, registrar. Mas não quer. Histórias que ele até publicaria, outras que não, nem morto! Algumas que conta com nostalgia; outras, dando e provocando risada... Ah, se o jornalismo de hoje fosse pelo menos metade do que era. Se existisse idealismo, corrida pelo furo, dificuldade de transmitir uma notícia... Ah, se houvesse jornalistas como ele... Hoje, me resta sonhar com uma época que não vivi. Uma época que, nos relatos do Nahum, vivo como se não fossem histórias, mas memórias.

3.1.03

Mudança de planos
Um baita resfriado e a dificuldade de achar condução no Shabat me fizeram mudar de planos. Fiquei em Tel Aviv, onde estou me dedicando a fazer coisas que no Brasil só fico adiando: ler alguns livros (como os dois Milan Kundera que viajaram comigo), escrever alguns textos, pensar... O Kotel fica para a semana que vem. Amanhã, se o tempo e meu estado de saúde colaborarem, vou dar uma volta por "Telavive", fazer umas fotos... Comentei com o Gus, dia desses: meu sonho é poder passar um mês em Israel com nada pra fazer e uma câmera na mão. Idéia não falta! Bom shabes.
O Kotel, enfim
Depois de pouco mais de uma semana em Israel devo passar o Shabat, finalmente, no Kotel ('muro ocidental', ou Muro das Lamentações), em Jerusalém. Provavelmente ficarei sem Internet por lá, até voltar, no domingo. Então não devo atualizar o blog. Mas meu celular vai continuar ligado e recebendo e-mails e mensagens de SMS! Bom fim-de-semana e Shabat Shalom para todos.

2.1.03

Chove sem parar...
Uma hora e muito em Israel e chove torrencialmente em Tel Aviv... Neve, que é bom, até agora só no Hermon... E eu ainda não vi!
Um passeio pelo país
Mochila nas costas, câmera preparada, algum dinheiro no bolso, disposição de sobra. Essa é parte da fórmula para uma viagem de um dia para o norte de Israel. O que fica faltando, pra ser perfeito, é um sistema ferroviário de qualidade, com pontualidade e segurança. Se é de Israel que falamos, a fórmula está perfeita. E deu certo: fui com o Gus para Haifa, a partir da estação Universita, uma das três de Tel Aviv, e, depois de passear pela terceira maior cidade do país, fomos para o quase-Líbano, Naharia. Tudo de trem. Tudo muito rápido, eficiente, organizado.

De como um segurança pode ser mais que um segurança...
Se teve alguma coisa chata -e teve-, foi a forma como me pararam na entrada da primeira estação de embarque, em Tel Aviv. Como sempre, desconfiaram da minha cara de árabe. A barba de hamasnik não ajuda: é batata! Eu chego, me param. Algumas vezes de forma educada. Outras, não. Hoje me barraram na entrada da estação e fizeram um interrogatório. De onde venho, para onde vou, de onde sou, o que faço em Israel, por que sei hebraico, blá, blá, blá...

Eu ando sem o passaporte, por instrução da Lishcat Ha Itonut Ha Memshalatit ('escritório de imprensa do governo'), que emitiu minha credencial, meu único documento em Israel. Não bastou para o cara... E aí começou uma discussão em hebraico... Fiquei puto, mas gostei a beça de praticar e brigar em ivrit! Tô podendo!!! Agora o Nahum, que além de jornalista e hospedeiro é também professor, me disse que vale a pena nessas horas falar em inglês. Lição anotada...

De volta aos trilhos
Passou que, então, tudo correu bem. O cara se convenceu que de árabe eu só tenho a cara e a barba e me deixou embarcar. E daí, fomos a Haifa, com o trem bom do qual já falei. Lá, andamos de Carmelit, uma espécie de "metrô-teleférico" que sobe o monte Carmel (olha aqui eu na porta!). Vimos de cima os jardins BaHai e caminhamos até encontrar o teleférico que desce até o YotVatá, onde almoçamos.

Voltamos para o trem, embarcamos para Naharia. Chegamos de noite, mas deu pra ver as luzes do Líbano, que fica dali doze quilômetros. E visitamos amigos que conhecemos da Internet, como a Gladis, religiosa de mente aberta com quem falamos de drusos, de árabes, de viver tão perto do Líbano e de ser "cada um na sua" em relação à religião. Na foto, comigo, ela, o irmão André, também religioso, e o marido Chagai.

Nove e pouco da noite sai o último trem de Naharia para Tel Aviv. E nove e pouco significa nove e pouco, nem um minuto a mais, nem um a menos. A chegada também tem horário previsto e cumprido. E assim foi. O que eu gosto de Israel, entre muitas outras coisas, é essa facilidade que se tem de viajar por boa parte do país em uma one-day-trip. Claro que o tamanho ajuda...

1.1.03

Passeio de longe
Eu me lembrei desse site super legal para quem está longe mas quer conhecer, assim mesmo, um pouquinho de Israel! Clica aqui e passeia. Tem dicas, informações sobre o país, roteiros de viagens, eventos e calendário, tour virtual, etcétera, etcétera, etcétera... Estou agora passeando pela galeria de fotos, e vendo lindas imagens de Jerusalém, da gente daqui, de paisagens, aventura, arqueologia...
De como os argentinos não sabem fazer festas
Quando o Gus e eu fomos ontem para a Focus, para a festa de Reveillon (a data que lembra o papa anti-semita!), já não esperávamos muita coisa. Mas, pelo menos, pensávamos que, organizada por argentinos, a balada ia incluir, além de rumba, salsa e cerveja portenha, pelo menos uma contagem regressiva. Nem isso. De repente, assim, puf!, era dois mil e três. A festa foi tão... tão... tão nem-sei-o-quê que até esqueci de contar!!! Enfim, bom ano!
Direto da Cisjordânia
Hoje foi dia de, digamos assim, passear pela Cisjordânia, um dos territórios controlados pela Autoridade Palestina e onde, teoricamente, se os árabes forem espertos o suficiente e deixarem de perder boas oportunidades, um dia será o Estado Palestino. Lá no meio tem um monte de assentamentos judaicos, assim como no meio de Israel tem um monte de árabes vivendo. O assunto é delicado e polêmico e o que eu quero fazer aqui não é política ou criar discussão, mas contar do meu dia.

Ortodoxo, o filho do Nahum vive em um desses assentamentos, de nome Beitar Illit. Moram Iossi (o filho), sua esposa e cinco pimpolhos, o que é uma família pequena para a média da cidade e entre os haredim (religiosos), de pelo menos uma dezena de rebentos. Aliás, vale dizer, judeu ortodoxo e árabe tem dessa: fazer filho como alternativa para a falta da televisão, proibida nos lares conservadores. E disso vem uma das expressões do Nahum que mais ficam: "os árabes vão ganhar a guerra pela barriga".

Beitar Illit é uma cidade nova, de cerca de quinze anos. Nova, mas novo também é o país, de 54 invernos. Tem 20 mil moradores, todos religiosos, todos com muitos filhos, todos sem tevê e todos muito bem, obrigado. Sempre que vou lá (foi minha quinta visita desde que conheci o Nahum, em abril), aprendo muito. De religião, de política e do que ventila os neurônios da ortodoxia. E recarrego minhas energias espirituais, com lições de vida.

O dia terminou com a volta de Beitar Illit em um carro que, achamos, era blindado, compras e uma pizza no centro comercial de Ramat Aviv, e histórias fantásticas do Nahum, que viveu a época áurea do jornalismo, da televisão, das vedetes e das aventuras em busca de um furo. Não temos mais disso, é pena. Nem de Nahums, nem do jornalismo que o jornalismo já foi.

Citação
Do Veríssimo, de quem estou lendo Sexo na cabeça: "o sono é um acidente ao qual a gente sobrevive, mas leva meio dia para se recuperar!". E amanhã eu tenho que acordar cedo para tomar café e me mandar para o norte, visitar meus parentes em Haifa e chegar a Naharia, bem pertinho da fronteira com o Líbano, país com o qual Israel ainda não tem acordo de paz... A propósito, só temos acordo com dois dos nossos cinco vizinhos: Egito e Jordânia.