5.5.03

Fama?
Outro dia eu estava falando com um pessoal da faculdade sobre como a fama vem -e vai- fácil. Exemplo recente é o da ex-BBB Sabrina, que não ganhou o prêmio do programa mas vai encher os bolsos com o cachê que vai receber da Playboy. A revista vai fazer sucesso, certamente. Depois de dois meses, ninguém mais vai se lembrar dela. A fama é assim mesmo, frágil.

É disso, entre outras coisas, que trata o filme Confissões de uma mente perigosa (Confessions of a dangerous mind), excelente. A história é a do apresentador de TV Chuck Berris, contada do seu próprio ponto-de-vista (com base em uma "autobiografia não-autorizada") e a partir de entrevistas com pessoas que estiveram próximas dele. Além de uma trilha sonora muito caprichada, fotografia excelente e a novidade da estréia do ex-Plantão Médico George Clooney na direção, Confissões... discute de forma bem-humorada o peso da fama -a dificuldade de ter e a batalha para superar a perda.

No fim, trata-se de um filme sobre os dias de hoje. Aqueles programas que Chuck Berris criou são, na verdade, os mesmos que vemos na TV até hoje (como o Fica comigo, da MTV, pra não falar dos exemplos do SBT, que são muitos). A acusação que pesou sobre ele, a de que seus programas estariam "estragando" a televisão, permanecem também até hoje, atuais e verdadeiros. Mas não importa -o que se destaca no filme foi a capacidade de Berris de oferecer ao público o que o público queria ver.

Isso tudo é feito de forma sensacional -o narrador em primeira pessoa aparece nu em um tempo próximo do espectador, diante de suas memórias e trancado dentro de um quarto de hotel barato. E narra entre nostálgico e arrependido os fatos de sua vida dupla -durante o dia é um produtor de TV e à noite, um assassino a serviço da CIA (My name is Charles Hirsch Berris. I have written pop songs, I have been a television producer. In addition I have murdered thirty-three human-beings). Pelo menos é isso que ele conta...

Confissões... é também um filme sobre o amor, sobre sexo (muito sexo!), sobre a violência... sobre a vida. Enfim, é uma trama que vale a pena.