Dia de lembrar, pra não esquecer
"Lembrar pra não esquecer" parece ter virado um slogan batido, mas é mais que isso. É um ideal que se persegue no judaísmo. Lembra-se para não se esquecer e não se deixar esquecer. Não se deixa esquecer para que não se repita.
A verdade, porém, é que tudo se repete -as tragédias, perseguições, o anti-semitismo, fundamentalismos, terrorismo etc. Hoje é Yom Hazikaron, dia da lembrança. É o dia em que relembramos os mortos pelas guerras (as seis guerras -independência, anos 1950, seis dias, atrito, Yom Kipur e Líbano) e pelo terrorismo em Israel. É triste.
[Veja aqui como o Yom Hazikaron é "celebrado" em Israel -as pessoas saem dos carros durante o toque das sirenes que soam no país todo.]
Acabei de voltar de um lindo evento organizado pelos jovens da comunidade. Tenho orgulho de ser judeu (especialmente) nessas horas. Muito orgulho. Choro por dentro quando vejo uma garotinha de oito anos lendo palavras em hebraico com emoção, ou quando canto de olhos fechados o Hatikvá (esperança), o hino israelense. Um poema lido no evento foi escrito em homenagem a uma garota morta em um atentado. Diz assim:
E você nem mesmo sabe que deixou de existir, e ali está você deitada, tão bela, em meio aos terríveis destroços. Seu cabelo dourado adorna a sua fronte, e o anel acaricia a sua mão. Quem tirará você dali, bela menina? E quem terá coragem de cobrir o seu rosto com um manto negro, áspero? E você nem mesmo sabe que deixou de existir. Sua alma paira numa praça fecunda, passa por sobre esta terra, por sobre campos semeados e abertos, e você vem ao encontro do seu pai e da sua mãe. E você sabe que eles sabem. E você os vê calados -abrace-os, bela menina, pois por você eles choram, por você todos nós choramos. Porque chegou o momento do silêncio. (Miri Garzi)
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