15.3.04

Sem graça
Quando rimos da tragédia alheia, embora isso aconteça mais do que deveria acontecer, algo está errado. Mesmo quando rimos da tragédia de quem mora tão longe e vive em uma realidade cultural tão diferente da nossa. É o que eu saí pensando depois de ver Divórcio à moda iraniana no CCBB, outro dia. O documentário explora a luta das mulheres pelo divórcio no país de regime ditatorial. Fazia parte de uma mostra chamada Mulheres em apuros -melhor título não há...

A legislação atrasada do Irã trata a mulher como cidadã de segunda classe. Dá poucos direitos e impõe muitos deveres. O direito ao divórcio é assegurado, mas sob difíceis circunstâncias -geralmente se o marido não aceita, elas não se separam. E, se aceita, o casal, ainda que separado, é obrigado a viver sob o mesmo teto durante um determinado tempo. Essas e outras regras absurdas são abordadas no documentário, produzido por uma cineasta inglesa.

É verdade que há cenas, no acompanhamento de alguns casos julgados por uma corte de Teerã, que fazem rir. Mas é um fazer rir sarcástico. É uma risada da tragédia alheia. Coisas de que rimos por tão ridículas que parecem à sociedade em que vivemos -essa que, se não é igualitária porque paga menos a mulheres do que a homens, por exemplo, pelo menos não prevê chibatadas como pena por "crimes" que sequer merecem ser chamados assim.

Acho que o documentário, que vai passar de novo na quarta-feira, 17 de março, às 20h no Centro Cultural Banco do Brasil, é um alerta ao mundo -muito adequado, em dias de volta do terrorismo internacional praticado por radicais como os que postulam leis assim. Vale a pena ser visto e divulgado. Para que o mundo saiba como a mulher é tratada naqueles regimes ditatoriais...

Frase da semana
Declaramos nossa responsabilidade pelo ocorrido em Madrid, precisamente dois anos e meio depois dos atentados de Nova York e Washington. É uma resposta a sua colaboração com os criminosos, o presidente norte-americano George W. Bush e seus aliados. É uma resposta aos crimes que vocês cometeram no mundo e, mais concretamente, no Iraque e no Afeganistão. Se D-s quiser, outras respostas virão. Vocês querem a vida, nós queremos a morte, o que exemplifica o que disse o profeta Maomé; se vocês não cessarem suas injustiças, o sangue correrá cada vez mais, e esses atentados representam muito pouco em comparação com o que poderia acontecer através do que vocês chamam de terrorismo. Este é um aviso do porta-voz militar da Al-Qaeda na Europa, Abu Dujan Al Afgani (texto completo do vídeo reivindicando a autoria dos atentados em Madrid).

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