5.11.02

Excelente retrato
Acabo de voltar do cinema, da maratona de cinco filmes nacionais aos quais assisti hoje: Abril Despedaçado (Walter Salles, 2001), A Paixão de Jacobina (Fabio Barreto, 2002), Caramuru - A Invenção do Brasil (Guel Arraes, 2000), Avassaladoras (Mara Mourão, 2002) e Cidade de Deus (Fernando Meirelles, 2002).

Não vou falar de todos, mas de um em especial, do qual eu acabo de voltar -e o que mais me tocou: Cidade de Deus. É um retrato triste e cruel da realidade de violência patrocinada pelo tráfico nas favelas do Rio, corrupção da polícia, nível de organização do crime etc. E falar em retrato é bastante apropriado, porque a película conta, baseada em fatos reais, a história de um garoto que consegue a vaga de fotógrafo no Jornal do Brasil graças ao que ocorre na favela que leva o nome do filme.

Acho que Cidade de Deus me encantou porque usou "atores reais", gente de verdade, e não fabricada pelas telas da Globo. Por isso acredito que o filme, que vai merecer ganhar todos os prêmios a que concorrer, representa um divisor da produção nacional. Percebeu-se, enfim, que colocar atores da Globo para viver personagens que devem retratar a realidade como ela é (e não com "peças" encenadas e, geralmente, fracas) não funciona. Acaba ficando muito artificial.

Nos últimos dias pude assistir também a outro filme que conseguiu retratar bem a realidade carioca. Sexta-feira vi com a Denise Ônibus 174, documentário sobre o seqüestro do coletivo que leva o número do título. A ação de um bandido, ex-menino-de-rua que esteve na chacina da Candelária em 1993, e criminoso com diversas passagens pela polícia, resultou na desastrada morte de uma das reféns graças também à incompetência da polícia brasileira. O fato ocorreu no Jardim Botânico em junho do ano passado, e não foi raro ouvir pessoas, na saída, comentando que lembravam do ocorrido. Brasileiro tem memória curta. Mas não é tão curta assim!

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