3.2.03

Tragédia no espaço
Depois de tomar uma bronca(!), resolvi falar do assunto. Não o fiz antes porque fiquei chocado, passado, triste, como ficou o mundo e, em especial, Israel, que mandava seu primeiro astronauta para uma operação da Nasa no espaço.

Ilan Ramon já tinha virado herói em seu país. Não foi à toa que o Estadão, por exemplo, ao dar o perfil póstumo dos sete astronautas, se demorou mais no do israelense:

Coronel da Força Aérea, era um herói nacional em Israel. Em 1981, ano do primeiro vôo do Columbia, participou do ataque aéreo que destruiu os esforços iniciados pelo Iraque de Saddam Hussein para desenvolver armas nucleares.

Ramon, de 48 anos, pilotou um dos oito caças F-16 responsáveis pelo devastador ataque ao reator construído pelos franceses em Osirak, perto de Bagdá. Pelas informações dos israelenses, a unidade iria entrar em operação em duas semanas, quando começaria a produzir plutônio enriquecido para a fabricação de bombas.

A missão foi saudada como um triunfo tático dos militares israelenses. Os aviões F-16 sobrevoaram território árabe hostil durante horas. Para não serem detectados, os caças voaram numa formação tão compacta que os radares os confundiram com um avião comercial de grande porte.

O piloto mudou-se com a mulher, Rona, e os quatro filhos para o Texas em 1998, quando se juntou ao centro de treinamento da Nasa em Houston. Rona e os filhos aompanharam o lançamento do Columbia do Cabo Canaveral e voltaram ao local ontem (sábado) para assistir ao pouso. O pai do astronauta, Eliezer Wolferman, de 79 anos, esperava para ser entrevistado num estúdio de televisão de Israel na hora do acidente.

A presença de um israelense na missão levou os americanos a cercarem o lançamento do Columbia de medidas inéditas de segurança. Mas o astronauta mostrava ceticismo quanto ao risco de um ataque terrorista. “Não acho que tenhamos qualquer interesse especial para eles”.

O piloto, cujas mãe e avó sobreviveram ao campo de extermínio de Auschwitz, encarava a missão espacial como uma oportunidade de homenagear as vítimas do Holocausto. Ele levou para o espaço um pequeno desenho feito a lápis, intitulado Paisagem Lunar, feito por uma garoto judeu de 14 anos, Peter Ginz, morto em Auschwitz.

Mas quem mais lindamente falou do tema, com o coração, foi o Nahum, lá de Tel Aviv. Vou me calar e deixar aqui as palavras dele: "O país passou da felicidade para a tristeza. O choque foi como de perda de uma esperança".

E termino com uma frase do Ilan quando ele estava lá no espaço e falou com o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon: “o planeta brilha lindíssimo”. Ele tinha se queixado de não poder ver Israel do espaço!

Mas a Betina, lá de Raanana, me mandou essa imagem linda, feita do Columbia, lá do espaço, durante essa operação, onde se pode ver, sim, o Oriente Médio e, com um pouco de boa vontade, o minúsculo país que é Israel.

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