Mundo filho da puta
Uma vez um cara veio falar comigo na rua em um inglês corrente e contou uma história ordinária demais para ser mentirosa. Eu acreditei. Ele precisava de dinheiro para voltar de São Paulo para Campinas, de ônibus. Dei não apenas um trocado, mas todo o dinheiro para a passagem e, acho, mais um pouco, para ele chegar até a rodoviária. Tenho coração mole. O cara agradeceu como pôde, no inglês perfeito dele, e me deu um número, para eu ligar e pedir minha grana de volta. Não ia fazê-lo, mas fiquei com a pulga atrás da orelha. Liguei. O número não existia. Tinha sido assaltado. Três dias depois, ele me abordou de novo. Mas me reconheceu e, no mesmo inglês, apenas me pediu fogo. Quase dei... "fogo"...
Hoje foi diferente. Um cara me abordou quando eu estava estacionando o carro, ao lado de casa. Sentou na muretinha da calçada e começou o discurso. Disse que vivia com a mãe em um quartinho, até mostrou a chave, pendurada no pescoço. Contou quem lhe tinha dado o tênis, a roupa: "um judeu". Disse também que ele mesmo é judeu. E começou a chorar, de vergonha, por ter que pedir. Não foi um assalto. Ele levou dois reais meus. E eu fiquei pensando como é filho da puta o mundo em que vivemos. Puta que pariu...
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