24.1.05

Trabalha, peão!
Hoje tive minha hora e meia de autoridade, no trabalho. Foi no mesmo hotel de quase sempre, o Ramat Rachel, que fica dentro de um kibutz, lindo. Só que hoje vesti um colete de bitachon e fiquei direcionando os carros para o estacionamento! A cada mão que eu levantava, um carro virava pro lado que eu queria, tão divertido!!!

Na festa, um casamento, tudo normal. Fiquei responsável por três meses, trinta pessoas. Já não tenho medo como no começo, converso com os convidados, entendo os pedidos feitos em hebraico e tenho desenvoltura no trabalho. [Se você conhece alguém que tem um hotel aqui em Israel, manda esse trecho pra ele, pode ser que eu arrume mais trabalho!]

O mais interessante, depois de tantos casamentos no currículo, é ter visto e poder entender um pouco da sociedade israelense por meio dos convidados, tipos sempre diferentes da festa anterior. Vez são ortodoxos, outra são laicos. Uns são sabras, outros imigrantes. Os sotaques são inúmeros. Tem os mizrachim, não muito amados, um pouco grosseiros. Tem de tudo. Pra quem acha que a sociedade israelense é homogênea, um soco no estômago dos preconceitos...

Limpa a casa todo dia, que agonia...
E amanhã é dia de faxina aqui em casa. As minhas shutafot fizeram uma escala na qual eu, que não participei da escolha, figuro em primeiro lugar, pra essa semana. Isso me deixou puto. Mas, como desde que eu mudei (faz mais de um mês) não fizemos faxina nenhuma vez, pelo menos vou poder dar uma geral e deixar a casa com cara de casa. O problema é que o cafofo de cafofo só tem o nome. É grande pra cacete! Quero ver se as shutafot vão conseguir manter a casa do jeito que vai ficar depois das minhas vassouradas!

Glossário
Kibutz, como eu sempre defino, é uma comunidade agrícola. Eles são 270 em Israel, surgiram pra defender o país antes de que Israel fosse um país e foram uma alternativa socialista de comunidade. Funcionou por um tempo, hoje só os ricos continuam de pé. Aqui explicam mais.

Bitachon é a palavra em hebraico para segurança. E é o que estava impresso (??????) no colete que eu usei nos meus noventa minutos de autoridade!

Sabra é uma fruta. O nome em hebraico é tzabar. É até marca de comida aqui. Nunca comi a tal fruta, sequer vi. Mas dita a lenda que é espinhosa por fora, doce por dentro. Como os israelenses. Por isso, quem nasce aqui recebe essa denominação. Alguns imigrantes viram autênticos sabras, contudo!

Mizrachi (lê-se "mizrarri"), literalmente é oriental. Como as duas grandes divisões do judaísmo são ashkenazim (do leste europeu) e sefaradim (da península Ibérica), nem se lembra dos mizrachim. Mas a verdade é que quem tem um pé no norte da África (meu caso, já que meu pai nasceu no Egito, ele mesmo), é mizrachi, não sefaradi.

Cafofo, palavra que não consta do Minidicionário Aurélio que eu trouxe do Brasil comigo, deve ser uma forma carinhosa de designar a casa (pequena casa) em que a gente mora. Eu uso essa palavra pra isso, pelo menos! Fui fuçar (bendita internet!) e achei as seguintes definições, no Houaiss:

substantivo masculino
1 buraco de alicerce de casa, muro ou outra construção
2 cova, sepultura
3 lugar onde os escravos ficavam guardados antes de serem vendidos
4 Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
lugar onde se mora; casa, apartamento
Ex.: vivo num belo c.
5 Regionalismo: Brasil. Uso: informal.
lugar pouco conhecido; esconderijo
Ex.: arranjei um c. e vou sair de circulação
6 Regionalismo: Brasil. Uso: linguagem de delinqüentes.
nos presídios, buraco na parede onde se escondem armas e/ou drogas
7 Rubrica: aracnologia. Regionalismo: Brasil.
m.q. opilião

Nenhum comentário: