1.1.03

Direto da Cisjordânia
Hoje foi dia de, digamos assim, passear pela Cisjordânia, um dos territórios controlados pela Autoridade Palestina e onde, teoricamente, se os árabes forem espertos o suficiente e deixarem de perder boas oportunidades, um dia será o Estado Palestino. Lá no meio tem um monte de assentamentos judaicos, assim como no meio de Israel tem um monte de árabes vivendo. O assunto é delicado e polêmico e o que eu quero fazer aqui não é política ou criar discussão, mas contar do meu dia.

Ortodoxo, o filho do Nahum vive em um desses assentamentos, de nome Beitar Illit. Moram Iossi (o filho), sua esposa e cinco pimpolhos, o que é uma família pequena para a média da cidade e entre os haredim (religiosos), de pelo menos uma dezena de rebentos. Aliás, vale dizer, judeu ortodoxo e árabe tem dessa: fazer filho como alternativa para a falta da televisão, proibida nos lares conservadores. E disso vem uma das expressões do Nahum que mais ficam: "os árabes vão ganhar a guerra pela barriga".

Beitar Illit é uma cidade nova, de cerca de quinze anos. Nova, mas novo também é o país, de 54 invernos. Tem 20 mil moradores, todos religiosos, todos com muitos filhos, todos sem tevê e todos muito bem, obrigado. Sempre que vou lá (foi minha quinta visita desde que conheci o Nahum, em abril), aprendo muito. De religião, de política e do que ventila os neurônios da ortodoxia. E recarrego minhas energias espirituais, com lições de vida.

O dia terminou com a volta de Beitar Illit em um carro que, achamos, era blindado, compras e uma pizza no centro comercial de Ramat Aviv, e histórias fantásticas do Nahum, que viveu a época áurea do jornalismo, da televisão, das vedetes e das aventuras em busca de um furo. Não temos mais disso, é pena. Nem de Nahums, nem do jornalismo que o jornalismo já foi.

Citação
Do Veríssimo, de quem estou lendo Sexo na cabeça: "o sono é um acidente ao qual a gente sobrevive, mas leva meio dia para se recuperar!". E amanhã eu tenho que acordar cedo para tomar café e me mandar para o norte, visitar meus parentes em Haifa e chegar a Naharia, bem pertinho da fronteira com o Líbano, país com o qual Israel ainda não tem acordo de paz... A propósito, só temos acordo com dois dos nossos cinco vizinhos: Egito e Jordânia.

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