17.2.05

Devagar, devagar, devagarinho
Tem uma coisa que todo israelense devia saber: não há nada melhor para um ole chadash do que ouvir que o hebraico dele está melhorando. Hoje foi dia de reencontro lá no Aroma com pessoas com quem trabalhei há alguns meses, uma delas quando eu nem conseguia falar ivrit e acabava só usando inglês, mesmo. E ela disse: "seu hebraico melhorou muito!" Ganhei o dia.

Pudera... Estou aqui há sete meses e meio (completo "meio" no domingo, meu primeiro dia de aula, de novo!), trabalho com israelenses e procuro falar o quanto posso, embora more com três argentinas e em casa o espanhol seja oficial. Tenho alguns amigos israelenses, com quem só falo, ainda que errando, hebraico. Se, com tudo isso, eu não melhorar, então como?!

Mas não tem forma melhor de comprovar a hitcadmut do idioma do que brigando! Hoje briguei em hebraico, pra receber uma grana que um hotel me deve há um tempo... Briguei mesmo, impondo a voz e tudo! Saí sem o cheque, mas me comuniquei! Dei o recado. Pela primeira vez, acho, usei a palavra pitaron, solução!

E trabalhei pacas no Aroma hoje! Pacas. Quinta-feira só não é pior que sexta, e amanhã trabalho de novo, de manhã, até começar o shabat. Muita gente, muito barulho, muita mesa pra limpar... Teve até um artista que resolveu pintar a mesa com tinta, só pra me dar mais trabalho. Super legal ele.

E, enquanto esfregava o pano pra tirar as manchas do infeliz, escolhi o personagem Aroma do dia: na mesa ao lado, três pessoas, dois caras e uma mulher. Trinta e poucos anos, cada um. A moçona ameaçando o moção de jogar o celular dele do alto do terceiro andar do shopping; o moção, de jogar uma nota de NIS 50 (uns onze dólares) lá pra baixo. Não pude conter a risada. Eles perceberam e o terceiro comentou: "isso porque eles vão se casar mês que vem..." Ganhou o troféu o cara, pelo "humor"!

Chega, cama!

Em tempo: o 23a. idade passou por uma reforma, para quem não reparou. Links defuntos foram devidamente enterrados, com todas as honras, voltei a colocar meu livro de cabeceira, reduzi o número de posts na página inicial e embarquei em uma campanha, lá quase no rodapé, pela saída já de Gaza. Se alguém reparar em um link quebrado ou algo que precise ser arrumado, é favor avisar!

Glossário
Olê chadash, literalmente "aquele que sobre" + "novo", é como chamam por aqui os imigrantes, as pessoas corajosas que fazem aliah, "subida", em referência à ascenção espiritual em direção a Israel. Uma vez discutimos em sala, no ulpan, se olê e imigrante são a mesma coisa. Embora o significado da palavra seja sim o mesmo, a simbologia é toda outra. E, acabei de descobrir, olê também significa "peregrino"!


Ivrit é ivrit em ivrit! Portuguezit é portuguezit em ivrit... Sacou?

Hitcadmut, que vem de lehitcadem, avançar, é avanço. Lento, mas avanço! Aliás, o hebraico é tão legal que tem uma palavra especial para designar "avanço lento": histarchut. É o meu caso, não restam dúvidas!

Ulpan, que também significa "estúdio" (de TV, esse mesmo!), é onde os olim chadashim (plural de olê chadash) estudam em forma intensiva o idioma, ao chegar ao país, geralmente!

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