O papel do jornalista, afinal...
Hoje estive em uma externa (jargão jornalístico para uma saída para gravação de reportagem). A pauta era a alfabetização de idosos. Fomos, então, a um centro em São Bernardo que oferece aulas gratuitas a pessoas simples, "de idade". Eu fui como aspone, não fiz muita coisa além de dirigir o carro que levou a equipe e de tirar algumas fotos durante as gravações.
Mas algo ali me incomodou bastante: uma das entrevistadas, claramente emocionada, deu seu depoimento sobre as razões de só estar estudando depois de tantos anos e explicou à repórter, postada com o microfone diante dela, como a vida dela está mudando agora que sabe ler e escrever. Vi uma lágrima correr dos olhos dela.
A repórter, contudo, passiva, terminou seu trabalho e deixou a senhora ali, emocionada, secando o rosto de choro, com as lembranças daquilo que fez a lágrima brotar. Eu fiquei pensando, então, que papel é o nosso, afinal! Despertamos emoções mas não podemos ajudar as pessoas a lidar com elas. Ficamos passivos diante da lágrima dos outros.
Não sei me expressar bem. Mas aquela cena me incomodou. Queria ter podido ajudar a velha senhora, mas sei que não poderia fazer muito, mesmo. E sei que a repórter ali também não poderia fazer muito. Então, qual é o nosso papel, afinal?!
Em tempo: escrevi hoje, antes mesmo de começar a elaborar uma linha de pesquisa para o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), a dedicatória que vai abrir o livro. Morram de curiosidade! Só depois de publicadas essas linhas serão conhecidas!
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