18.6.05

ARRUMO OS ACENTOS DEPOIS
Aventura na Africa
A ideia de viajar para o Egito surgiu algumas semanas antes e o tempo passou tao rapido que quando o Carlinhos me disse que ia ser no fim de semana seguinte, nao acreditei. Mas foi. E fomos sem lenco, mas com documento - os passaportes israelenses, para poder sair, e os brasileiros, para poder entrar no Egito sem enchecao. Fomos tambem sem guia - e o que rolou na viagem de quatro dias no norte do continente africano nao foi planejado nos minimos detalhes. Ainda bem. Mochila nas costas e umas ideias na cabeca.

A mochila, a minha mochila, merece um paragrafo so para ela. Meus tres companheiros de viagem - o mineiro Carlinhos e os pauistas Daniel e Fabio - tinham esquecido de um pequeno detalhe: me avisar o horario da viagem, na manha daquela sexta-feira. Fui descobrir as duas da manha, no meio do trabalho, que sairiamos da estacao central de Jerusalem as sete. Eu saio do telemarketing as seis e minha mochila nao estava pronta! Correria e dois taxis a 68 shekels resolveram o problema...

Tudo certo, o embarcar. E ai comecou a aventura - a de voltar para o pais de onde sairam, expulsos, meus avos com meu pai e minha tia antes de completarem dez anos de idade no fim dos anos 1950. E a de percorrer um pedaco da historia que antes so nos livros, nas fotos, na internet. O Egito e' mistico. Mas tambem e' um pedaco do Oriente Medio na sua melhor concepcao - o Oriente Medio do transito caotico, dos pedintes de bakshish (gorjeta), da areia e dos rostos queimados e marcados pelo sol.

Comecamos a viagem no percurso entre Jerusalem e Eilat, trecho de quatro horas e meia com ar condicionado e conforto que nao teriamos nos proximos dias. Logo ao chegar em Eilat, no extremo sul de Israel, fomos para o consulado egipcio carimbar nos passaportes verdes, os brasileiros, o visto de entrada - exigido, no caso de israelense que somos, apenas para quem vai alem do Sinai - e a nossa escolha foi nem parar na peninsula que ja foi de Israel.

De Taba, a fronteira, fomos para o Cairo. Viagem pesada, em uma van apertada, vidros abertos durante as sete horas ate a capital egipcia para compensar o ar condicionado que faltava - e fazia diferenca enquanto cortavamos o deserto. Sete horas depois, comeco da noite, a van parou. E descemos, sem mapa nem ideia de onde estavamos. Os dois anos e meio de aulas de arabe do Carlinhos salvaram nossa vida - um taxi, uma negociacao, e uma viagem demorada ate achar um buraco para descansar os ossos.

Depois de deixar as malas e esconder muito bem tudo que tivesse letras hebraicas estampadas, passear pela cidade. A noite, bem a noite, por volta de onze horas, e' quando as pessoas - muitas pessoas - estao nas ruas. Faz muito calor e e' impossivel ficar dentro de casa. A cena me fez lembrar as temporadas de verao no Guaruja - e as pessoas queimadas e ardendo circulando no calcadao, chinelo esfregando o chao. So que no Egito falam arabe, cruzam as ruas feito loucas e alguem buzina a cada quarto de segundo.

Nao da pra contar tudo de uma vez. Vou fazer isso aos poucos. Depois continuo...

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