1.10.03

Mais poesia
Pensava em mim. E tinha motivos pra isso. Afinal, depois de Iracema, não conseguira me relacionar com nenhuma outra mulher. Uma ou outra ameaçou ocupar o lugar dela, mas ficou impossível recriar o clima que nos envolveu, o vigor daqueles meses em que vivíamos praticamente na cama, em parte porque estávamos na clandestinindade e não podíamos ficar andando de um lado para outro, mas sobretudo porque o tempo, que era muito, sempre foi pouco para nossa fome. Sabíamos que éramos jovens e arriscávamos tudo. Cada vez que a possuía, era de certa forma a última. E assim tornava mais assombrosa a seguinte.

Carlos Heitor Cony, em
Romance sem palavras.

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