18.3.05

Mais do mesmo?
Com o tempo as coisas que achamos surpreendentes, novas, as coisas que nos são inéditas vão se tornando comuns, diárias, rotineiras. Mesmo assim, diante de algumas delas, ainda nos surpreendemos. Assim é com os casamentos no hotel do kibutz onde trabalho como garçom, de vez em quando como segurança.

Todo dia, a mesma coisa: os convidados entram para a kabalat panim, conversam sobre temas amenos, beliscam comidinhas que trazemos e levamos. Depois, passam ao ulam, sentam-se às mesas e esperam os noivos, que a essa altura estão tradicionalmente no primeiro momento sozinhos.

A banda toca músicas leves, ninguém dança. De repente, tudo muda: os noivos aparecem, cercados de gente. Os convidados se levantam. Mulheres vão para um lado, homens para outro. E dançam, as mesmas danças de todos os dias. Mesmo a repetição emociona quem a vê todo dia.

Depois de dançar muito, em rodas noivo-centristas, o marido "busca" a esposa e a leva para a roda masculina. Sentam em cadeiras e são levantados pelos convidados. Muita animação. Sorrisos dos recém-casados e dos amigos e familiares.

E vem a primeira refeição, a outra, outra mais, bebidas, sorrisos dos garçons querendo tip, a sobremesa anunciada com luzes parecida às de fogos de artifício. Mais dança, mais conversas sobre amenidades, mais sorrisos de garçons.

A repetição infinita do mesmo.

Glossário
Kabalat panim é "recepção", onde a festa começa. Panim, a propósito, é a palavra para "cara", "rosto". Ulam é "salão" - não confundir com olam, que é "mundo". Tip, como no inglês, é "gorjeta".

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