Passeio ao futuro
(OU: Brincar de futurista não custa nada!)
Seis anos antes tínhamos feito um pacto. E naquele dia o pacto estava sendo cumprido à risca, de acordo com todas as regras trocadas em conversas de ICQ e por email. Em linhas gerais, se não fôssemos casados até determinada idade, ou se até lá não estivéssemos em uma relação séria -o que poderia incluir namoro ou noivado-, então nos casaríamos. Assim estava escrito e assim estava sendo feito.
Na época do pacto não acreditávamos naquilo. Parecia brincadeira inspirada em filme, só. E acho que era isso, mesmo. Mas virou sério. E naquele dia, o dia de cumprir o pacto, sentíamos como se finalmente aquela ocasião tivesse chegado, depois de longa espera. Era mil vezes mais intenso do que sente o universitário que chega ao fim do curso, o jornalista ao ver sua matéria publicada, ou o engenheiro diante da obra terminada. Enfim, não importava mais nada, apenas a maravilhosa sensação de que, enfim, nada mais poderia acabar com aquilo. Nem outras relações, nem planos de viagens, nem nada. Era real e estava acontecendo.
Lembro como se fosse hoje o que eu senti. Estava inquieto desde que percebemos que, enfim, estava já na hora de cumprir o pacto. No dia do casamento, durante os últimos preparativos, quando eu já não a via há mais de 40 horas, não pensava em outra coisa senão no "sim" que diria e ouviria mais tarde e no copo que eu despedaçaria na chupá. Aliás, despedacei com vontade, como se depositasse naquele ato todo o sentimento guardado nos longos seis anos de espera.
Estávamos enfim juntos.
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