23.8.05

Planeta Blog chamando
Tinha que voltar, tomar vergonha na cara. Quase deixei o blog morrer, nem eu mesmo entrei para ver os comentários, sequer. Mas estou de volta, cheio de histórias. Histórias, algumas delas, que vão para um livro que eu comecei a escrever hoje. Como os últimos três, não vai ser publicado. Mas saibam que estou escrevendo um livro! Como já plantei árvores, fica faltando apenas o filho. Deixemos isso para outra ocasião, tá...?

História que tenho que contar é a da visita da Karina. A Karina, para quem não sabe, conheci há mais de quinze anos. E, por essas coisas do Orkut, nos reencontramos. Estudamos juntos no Miguel de Cervantes, onde aprendi um espanhol que já não tenho. Os caminhos se descruzaram, ela foi para a Espanha e eu vim parar em Israel. Coisas do destino... Pelo menos Madrid e Jerusalém ficam mais próximas do que de São Paulo.

Ela veio, passou uma semana. E nessa semana passeamos de carro (o turismo é outro quando você tem quatro rodas) por quase todo o país, ou por muita coisa que fica ao norte do Mar Morto e ao sul de Rosh Hanikra. Aproveitamos, né? Foi uma semana bem intensa.

E foi semana de desconexão. Fiquei devendo explicações sobre o último post (que foi só um teste mas acabou virando post no Blog dos Blogs!). Já explico o confronto das cores e as emoções das coisas que vi (e das que não vi, porque não pude ir a Gaza ver de perto) na semana que acabou.

Mas antes de semana da Karina e da semana da desconexão teve o mês da Sofia. A Sofia, que conheci entre uma palestra e outra tequila na Guatemala, veio do México parar em Israel. Já está de volta em Huixquilucan e vem para Jerusalém em um mês. A Sofia trouxe os temperos e os sabores do México e deu uma graça especial nos dias que passou aqui - mas não só pela comida (ela me mata!).

Desconectamos, enfim
Em poucas palavras, o primeiro-ministro Ariel Sharon resolveu que algo precisava ser feito porque Israel não tem um parceiro confiável para negociar a paz. Algo unilateral. Desconectar, pois. E assim foi feito, na semana passada. Israel desocupou todas as 21 colônias da Faixa de Gaza, que agora não tem mais judeus morando, e quatro da Cisjordânia, de onde estão saindo hoje.

O negócio das cores é assim. Laranja é a cor oficial de Gush Katif. Mistura o amarelo da areia com o vermelho do sol, uma parada assim. Gush Katif, o nome do bloco de colônias da Faixa de Gaza, fica diante da praia. Ficava. Então os opositores do plano do Sharon adotaram o laranja para protestar. E fizeram pulseiras, faixas, adesivos, fitas, manifestações - tudo laranja.

Em Israel, país do cachol ve lavan, do azul e branco, a oposição da oposição demorou mas não falhou. Veio bem depois da onda laranja uma distribuição de (de novo) pulseiras, faixas, adesivos e fitas - tudo azul como Adão e Eva no paraíso. E ficou assim: quem se opõe (se opunha) à saída dos assentamentos vestia laranja. Quem vai (ia) a favor, azul.

E aí, claro, surgiram as entidades que querem que todos esqueçam essa bobagem de cores e sejam todos irmãos. Então criaram o slogan "Precisamos manter a relação" com duas fitas (uma de cada cor) amarradas. Ou o slogan "O importante é não nos desconectar um do outro", com dois triângulos (como os que formam a Estrela de David na bandeira israelense) separados.

As emoções pela TV
Não fui a Gaza. Fui em abril, quando tudo estava mais calmo e a minha carteira de jornalista ainda não tinha vencido. Venceu e não renovaram, não pude ir. Mas acompanhei pela TV e me emocionei, sim, com as coisas que vi - como os soldados abraçados com os colonos que eles deviam retirar de Gaza, todos chorando. Imagem que fica para a memória do acontecimento.

Embora não tenha estado lá, cobri o que rolou na semana passada - e continuo fazendo isso, diariamente - para a Rádio França Internacional, que transmite quatro programas diários para 50 rádios do Brasil em português. Minha última colaboração foi ao ar na manhã de hoje em Paris. Está no ar.

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