No grito
Tenho caminhado muito, como um bom e dedicado turista (e também como um sujeito que se perde para se encontrar e para aprender a andar por aí). O resultado, além de me tornar mais íntimo das cidades israelenses, foi uma dor muito forte no joelho direito. Já venho sentindo isso há duas semanas, pelo menos.
Hoje resolvi cuidar do assunto. Munido da papelada do seguro (agora tenho um...) fui ao Ichilov, o mesmo hospital onde já estive no começo de janeiro. Escolhi esse hospital, já que posso me dar esse luxo, porque já o conhecia um pouco e porque sei de sua qualidade médica.
Cheguei e disse o que acontecia. Apresentei a apólice do seguro... A recepcionista telefonou para a seguradora e me passou o telefone. Do outro lado da linha uma sujeita me explicava, em inglês, que antes de ir ao hospital (onde eu afinal já estava) teria que passar por um médico, pagar 45 shekalim (quase 40 reais), e, só depois, se ele assim o recomendasse, voltar ao hospital. Ir direto a um hospital, explicava, só em caso de emergência...
Resolvi, então, aplicar uma lição que aprendi aqui em Israel: muitas coisas só se resolvem mesmo no grito. Eu perguntei a ela, também em inglês, como diferenciavam uma emergência de um caso corriqueiro. E expliquei que, já estando no hospital, não daria toda a volta burocrática para chegar ao mesmo lugar. "You tell me it's not an emergency because it's on my knee! If it were in your knee, you would consider it an emergency", disse...
Ela pediu um instante. Voltou, alguns longos minutos depois, dizendo que dessa vez, mas somente dessa vez, abriria uma exceção para mim. Ótimo. Esqueci então da falta de senso de humor do israelense e fiz uma piada: "espero que não haja próxima vez". Ela não entendeu. Mas eu também não quis explicar. Fui atendido em seguida... E não tenho nada!
Nenhum comentário:
Postar um comentário