Dualidade
Nasci numa segunda-feira. Talvez por isso, mas só talvez, eu goste tanto de segundas-feiras. Odeio as quintas. Era às quintas, sempre, que eu tomava advertências no colégio. Estragavam o fim-de-semana todo. Outras coisas ruins aconteceram em quintas-feiras. Não me lembro delas, mas lembro que sempre eram em quintas-feiras. As sextas, por conseqüência, acabavam sendo horríveis para mim, enquanto todo mundo as amava.
Embora goste das segundas-feiras, essa segunda-feira tem aquele gosto amargo da dualidade. Querer partir e querer ficar, essas coisas. Não vai ser a primeira vez. Também não vai ser a última (com muita sorte, é só a penúltima). Mas nem isso tira o amargo da boca. Nem isso, nem eu sair pra curtir cada uma das próximas e últimas horas. Nem mesmo, acho, o chegar -terei que assimilar a chegada, vai ser tarefa complicada.
Não estou deprê, não vou chorar no avião (de novo não, vou tentar!), não vou me entregar ao ostracismo quando estiver no Brasil. Não é nada disso. É só um gosto amargo como aqueles dos finais de semana que eu passava de castigo porque tinha brigado com alguém na escola e, numa quinta qualquer, levado um papel pros meus pais assinarem em casa. Mas dói mais.
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