5.7.05

Balanço: 1 ano
Meus bons amigos
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De forma diferente...


Tá. Um ano passou. Um ano desde que eu deixei o Brasil, mas eu não deixei o Brasil para sempre. E acordei hoje-ontem, com o celular trazendo para perto minha irmã, que ficou longe. Chorando feito bobo li e reli ela dizendo que me ama e que sente saudade de mim. Um ano passou.

Resolvi fazer o que gosto no 4 de julho do um ano. Quatro de julho de feriado nos EUA e de feriado para mim aqui. Ficar com amigos! E fiz isso a tarde toda, com os amigos novos, de um ano. Vimos SBT pela net, falamos português, comemos pizza com ketchup, rimos das piadas nossas. Relembramos o primeiro ano.

Resolvi ler alguma coisa. E li no Orkut os recados deixados por todas aquelas pessoas especiais dos últimos 26 anos. Gente que faz uma falta enorme, mas falta menor do que vai fazer em um ano. Deu saudade, chorei de novo, relembrei mais um pouco. Deu muita saudade.

Resolvi fazer um balanço. Nesse ano amei. Amei muito. Amei à distância e perto. Odiei, também. Menos. Menos do que amei e menos do que já odiei. Nesse ano aprendi. Aprendi sobre os outros, sobre outros idiomas, sobre outros países, sobre outras pessoas, sobre alegrias e sofrimentos que eu não conhecia.

Nesse ano cresci muito, embora tenha emagrecido um pouco! Ainda não aprendi a cozinhar, acho que a limpar a casa tampouco. Mas vou tentando... Assumi uma rotina e compromissos - o de aprender o hebraico, o de assinar um contrato, o de aparecer todas as madrugadas no trabalho. O de estar para os amigos que estão para mim.

Nesse ano li menos. Li menos porque não li em português. Senti falta do português e de poder me expressar como em português. Também me expressei menos. Também me entenderam menos. Também precisei manobrar outros idiomas - os que eu sabia e os que eu aprendo na marra - para dizer o que ia pela minha cabeça.

Nesse ano realizei um sonho. Troquei a ideologia por realização. Botei os pés e finquei a minha bandeira. Continuei me emocionando ao ouvir as músicas e as coisas que fortaleceram a ideologia. Mas me senti mais forte e até corajoso por estar realizando o que sonhei.

Nesse ano recebi elogios, patadas, cantadas, abraços, beijos. Descobri amigos que já não quero deixar, também. Recebi amigos que ficaram no Brasil e vieram visitar. Senti saudade dos que não vieram. Tentei convencer os que ficaram para que viessem. Descobri paixões que nem suspeitava entre quem ficou.

Nesse ano me embebedei, fiz merda, matei aula, matei trabalho, sumi de um trabalho, briguei por motivos idiotas, discuti política, gastei mais do que devia e fiquei no negativo no banco. Nesse ano chorei. Não sei se chorei mais. Mas chorei muito. Vai passar...

Nesse ano dancei forró que não era ao vivo, tomei Guaraná que não tinha comprado, caipirinha que não tinha cachaça, comi açaí sem gosto, feijão sem panela de pressão, pão de queijo de saco, pé-de-moleque de presente, farinha láctea importada, ouvi vozes em português pelo Skype.

Nesse ano conheci muita gente. Muita gente. Gente da França e da Argentina, dos EUA e da Rússia, da Etiópia e do Brasil, de Cuba e do Irã. Estive na Jordânia e no Egito...

Um ano passou.

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