(Vai sem acentos, nao estou em casa)
Dialogos imediatos dentro de um onibus
(Ou: de como as pessoas em Israel podem se meter em uma conversa sem terem sido chamadas e voltar ao silencio em menos de dez minutos)
A cena: meu pai e eu no onibus, falando em portugues sobre a facilidade de entender um ou outro idioma. Citamos o italiano, o frances. No momento seguinte um individuo sentado logo atras dele chama a atencao e pergunta, em hebraico, se meu pai tinha visto um filme frances cujo titulo me foge agora. Nao nos lembravamos de haver assistido, mas ficamos curiosos pela curiosidade do sujeito.
Ele explica, respondendo a pergunta do meu pai, que como nos ouviu falando frances, pensou que talvez conhecessemos o tal filme. Comentei, entao, ainda em hebraico, que nao estavamos falando frances. Antes de ter tempo de explicar que era a lingua de Camoes, uma outra mulher, ate entao so de olho no dialogo, se intrometeu: "eles estavam falando espanhol!"
Nao, nao eh espanhol, explicamos, mas portugues. Somos do Brasil, olim chadashim, o filho ha nove e o pai ha quatro meses no pais. Que bom hebraico voces tem! Obrigado. Aprendemos aqui mesmo... Bla, bla, bla. A mulher do palpite errado comeca entao a falar sobre o espanhol com a mocinha que sentava ate entao muda ao seu lado. Atras delas, uma outra garota, com olhar timido, tenta disfarcar o sorriso pela situacao.
Eu tento, tambem, mas nao consigo. Dou risada e provoco a risada da garota, que evita me olhar para, acredito eu, nao cair na gargalhada. Meu pai se vira para mim, ainda ouvindo elogios sobre o nosso hebraico, e eu rindo. Explico a ele, agora em portugues, que de repente o onibus todo parecia estar prestando atencao no nosso papo! Caimos os dois na risada!
Chega o ponto dele, ele desce. Eu continuo alguns mais. E, de novo, silencio la dentro. Tudo como antes... Sigo nao conseguindo segurar a risada pelo que passou. Mas parece que as pessoas ja nao se importam com o tema. Passou. Chega o meu ponto. Desco.
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