27.5.05

Um perfil
(Ou "pra não dizer que eu não atualizo")
Sou jornalista. Sou também garçom! Sou da década de 1970. Estou rumando devagarzinho aos 30 anos! Sou apaixonado pela maioria das coisas que faço. Adoro receber e enviar cartas de verdade. Não suporto receber emails com powerpoints anexados. Odeio quando gente que não me conhece me adiciona no Orkut pra colecionar figurinha. Não sou figurinha. Vivo em Jerusalém. Amo o lugar onde vivo. Divido um apartamento com três argentinas. Em São Paulo morei um ano e meio sozinho. E com minha mãe. E com meu pai. E morei em muitos lugares. Amo meus amigos. Morro de saudade deles. Vivo a quase 20 mil quilômetros longe da maioria deles. E a 20 quadras de bons novos amigos! Sou um eterno voluntário e um eterno mochileiro. Tenho duas cidadanias mas um passaporte e meio! Fotografo e amo fotografia. Tenho uma câmera digital Fuji nova! E uma analógica Canon de 26 anos. Adoro cinema. E adoro ler. Adoro ler Milan Kundera e Amos Oz e Ernest Hemingway e Luis Fernando Verissimo. Adoro ler muita gente e muita coisa. Leio sempre. Quando criança, lia dicionário. Adoro dançar forró. Mas não só forró! Danço quando posso. Raramente posso dançar forró aqui! Gosto de ouvir música, quase tudo. E notícias. Quando vivia no Brasil, meu rádio-relógio estava sempre ligado na AM. Não vivo sem o meu celular. Ele fica ligado 24 horas por dia. Adoro idiomas. Aprendo hebraico. Quero aprender árabe. E francês. Falo espanhol com sotaque de argentino e inglês com sotaque de brasileiro. Sou brasileiro, no fundo. E amo o Brasil, embora o Brasil me envergonhe muito. Adoro escrever. Vivo do passado, é verdade. Sonho, sonho, sonho... Ainda vou ser correspondente internacional! Tenho um laptop, que era meu sonho de consumo. Estou escolhendo meu próximo sonho de consumo. Não tenho mais carro e estou feliz da vida por isso! Vou comprar uma scooter. O Orkut e a tecnologia me fascinam. Poder ver as pessoas e ser visto por elas pela webcam, mesmo estando muito longe, é maravilhoso. Sou grato ao inventor do Skype. Acredito que sexo é fundamental em um relacionamento, sim. Não fumo cigarro, odeio o cheiro. Nunca fumei maconha. Mas fumo narguila. Tomo guaraná quando alguém traz, porque aqui não tem. Dizem que sou intenso, enfim. Não sei se concordo!

23.5.05

Nove da noite
(Da serie "respostas que gostariamos de dar")

- Ola, aqui eh o Gabriel, estou ligando de New Jersey. Recentemente mandamos um cartao para sua casa com dois dolares. Mas, antes disso, voce vive nessa casa?

- Voce tem ideia de que horas sao? Faltam dois minutos para as nove da noite!

- Aqui sao quatro da manha, meu caro. E eu estou acordado ligando para pessoas como voce para saber o que voce pensa das listas telefonicas...

Da vontade de dizer, mesmo. Mas nao pode, foge do script. E hoje, em reuniao de time (em telemarketing existem "times", nao "equipes"!) um dos sujeitos contou a estrategia dele para conquistar uma pessoa (geralmente as mulheres) no telefone: "Eu elogio a voz, digo que a pessoa tem uma voz suave..." Risadas do time e depois voltar ao trabalho, para make some money. Sao quase seis horas da manha do dia do estudante em Israel. Na ha mais numeros para ligar... Hoje nao estudo. Saio daqui e vou para casa, para descansar quatro horas, acordar e resolver coisas burocraticas: carteira de motorista, papelada do Exercito (vou me apresentar em uma semana!), documentacao do apartamento na prefeitura... Quem sabe sobre tempo para comer alguma coisa e ler o jornal do fim de semana passado...!

Entendem agora a razao do meu cansaco e do meu sumico?

E por aqui, claro, a desconexao nao sai de pauta. Estou querendo traduzir o meu texto para o frances. Algum candidato?

10.5.05

"Samba" de uma nota só
Em que outro lugar você adormece dentro do ônibus e uma velhinha de setenta e muitos anos te pergunta, preocupada para você não perder seu ponto, onde vai descer? Ou o motorista que, perto de chegar na parada final, percebe que só você ficou no ônibus, adormecido, te acorda e pergunta onde você vai descer, para cuidar de parar e deixá-lo lá? Não sei se em muitos lugares, mas com certeza em Israel, que hoje começa as comemorações em lembrança dos caídos nas guerras e pelos seus 57 anos independente, sim. E eu ando dormindo nos ônibus porque estou cansado, virando o dia, às vezes passando jornadas inteiras sem dormir - como hoje, e estou esgotado. Se está valendo a pena? Não sei! No dia 5 do mês que vem, dia de receber, talvez eu obtenha uma resposta. Ou em duas semanas, quando eu fizer a minha prova de meio de curso de hebraico... E se não bastasse o trabalho cansativo, a total falta de chance de ir ao jornal dar as caras e os estudos que me consomem, as minhas shutafot ainda fazem problema... Querem que eu ajude a pagar uma conta feita por uma garota que vivia lá antes de mim, que eu nem conheci e que, coisas da vida, voltou para o Uruguai, de onde veio. Deixando dívidas, claro. Muitas dívidas... Não vou pagar. Nem que a casa caia. E vai cair. Mas eu certamente não estarei lá, provavelmente vou estar no trabalho ligando para os EUA para perguntar como as pessoas usam as listas telefônicas ou no college, tentando aprender a ilógica lógica do idioma da Torá. A verdade é que eu já não estou nem aí... A cidade está enfeitada de azul e branco, por todos os lados, e eu também quero comemorar. E descansar. E acabar a minha matéria sobre Gush Katif, que consumiu mais de mês e meio de pesquisas, entrevistas e uma viagem para os assentamentos que serão desanexados no verao israelense. A matéria sai no Brasil. E, com sorte, aqui. Até lá, espero, já vou estar acostumado com os horários malucos, com acordar às oito da noite para um banho e café rapidos antes de sair, com dormir às 3 da tarde depois da aula e virar madrugadas no telefone. Dizem que vida de olê chadash é difícil. Dizem que eu ainda não vi nada. Chag sameach.

6.5.05

E o tempo voa
Hoje faz dez meses que estou em Israel. Dez meses longe do Brasil, da minha mãe e da minha irmã, da maior parte dos meus amigos e da minha família, da comida brasileira, do português no dia a dia... Dez meses aprendendo hebraico, comendo falafel e shwarma, conhecendo gente de todo o mundo, usando o Skype pra falar com quem ficou. Saudade, sim. Dez meses de muitas emoções!

5.5.05

sem acentos
Feito zumbi, mas tudo bem
So para despreocupar os preocupados: estou trabalhando feito camelo e estudando idem. Jornada de umas 15 horas com o relogio todo invertido. Mas estou bem, por enquanto. Tenho muito para contar mas aparentemente nao terei ate o fim da semana que vem, no feriado de independencia de Israel, para sentar e escrever!

Ate la, mensagens sao bem-vindas! Checo sempre!

1.5.05

A primeira vez a gente não esquece
No dia do trabalho de 2002, há exatos três anos, eu estava em Israel. Era a minha primeira visita, estava no nono dia de viagem, ainda não tinha nem ido para o kibutz onde passaria seis meses. No dia primeiro de maio de 2002 eu vim a Jerusalém pela primeira vez, com o Nahum Sirotsky. Fomos ao Kotel - me lembro de como eu chorava, emocionado. As fotos são desse dia! Tem mais algumas da viagem toda aqui - fiz 2 mil fotos em seis meses!